A agricultura em Mato Grosso é um dos pilares fundamentais para a economia brasileira, com destaque especial para a produção de grãos, como a soja e o milho. O estado, que é um dos maiores produtores do país, enfrenta atualmente um cenário desafiador devido à recente diminuição nas exportações de milho. Essa redução tem gerado discussões sobre as implicações para os agricultores locais e para a economia regional, que depende dessa atividade. A queda de 18,25% nas exportações de milho na safra 2023/24, em comparação com o ciclo anterior, é um reflexo das dificuldades enfrentadas pelos produtores, especialmente em um momento de incertezas no mercado global.
Diversos fatores têm contribuído para esse retrocesso nas exportações de milho. A principal questão está ligada às condições climáticas que afetaram a produção no ciclo 2023/24, comprometendo a qualidade e a quantidade do grão. Além disso, o aumento dos custos de produção e a escassez de mão de obra especializada agravaram ainda mais o cenário, tornando a atividade menos competitiva no mercado internacional. O impacto dessas condições climáticas reflete-se diretamente nos números das exportações e na percepção do mercado sobre a confiabilidade da produção mato-grossense.
A perda de competitividade de Mato Grosso no mercado de exportação de milho também está ligada a fatores externos, como a desaceleração da economia mundial e as mudanças nas políticas agrícolas de outros países produtores. O Brasil, embora seja um dos maiores exportadores de milho, enfrenta uma concorrência crescente de países como os Estados Unidos e a Ucrânia, cujas produções têm se consolidado de maneira sólida no cenário global. As flutuações no câmbio e os acordos comerciais internacionais também têm influenciado o preço do milho, afetando diretamente as exportações.
Além disso, a infraestrutura do estado de Mato Grosso, apesar de melhorias nas últimas décadas, ainda enfrenta desafios para escoar a produção de maneira eficiente. O sistema logístico, que envolve rodovias, ferrovias e portos, muitas vezes não consegue atender à demanda de maneira adequada, o que resulta em custos elevados para os produtores. Esse gargalo logístico prejudica a competitividade do milho mato-grossense no mercado internacional, uma vez que o custo do frete e o tempo de entrega impactam diretamente o preço final do produto.
A tendência de queda nas exportações de milho também reflete um movimento de readequação do mercado interno. Com a diminuição das exportações, os produtores têm voltado a olhar para o mercado interno como uma alternativa para escoar sua produção. No entanto, essa mudança de foco também apresenta desafios, pois o consumo interno, apesar de grande, não consegue absorver toda a produção de milho que Mato Grosso gera anualmente. Além disso, a demanda interna por milho tem se mantido estável, o que leva a uma pressão sobre os preços e torna o mercado mais competitivo.
Para mitigar os efeitos da queda nas exportações, muitos produtores estão investindo em tecnologias mais eficientes e na diversificação da produção. O uso de técnicas de cultivo mais avançadas, como a agricultura de precisão e o melhoramento genético das sementes, tem sido uma alternativa para aumentar a produtividade e reduzir os custos. Além disso, a busca por novos mercados e nichos de mercado tem sido uma estratégia adotada para aumentar a participação de Mato Grosso no comércio global de milho.
Entretanto, o futuro das exportações de milho no estado ainda é incerto. Especialistas acreditam que a retomada das exportações dependerá de uma série de fatores, incluindo uma possível recuperação das condições climáticas e a estabilização das políticas econômicas internacionais. O governo estadual e federal também têm um papel importante nesse processo, através de ações que busquem melhorar a infraestrutura logística e oferecer apoio aos produtores para que possam enfrentar os desafios do mercado externo.
O que se observa, no entanto, é que a agricultura de Mato Grosso, apesar dos desafios enfrentados, continua sendo uma das mais importantes do Brasil. A queda nas exportações de milho, embora significativa, não representa o fim da relevância do estado no cenário global. Com investimentos em inovação, readequação das estratégias de mercado e políticas públicas eficazes, Mato Grosso tem potencial para superar essa fase de dificuldades e continuar sendo um dos maiores exportadores de grãos do mundo.
Autor : Gerald Johnson